sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Carrinho velho


Eu já fui criança e experimentei a vida junto aos gigantes. Meu olhar sempre dirigido ao alto seguia novidades e surpresas constantes.

Quando se é criança o céu não é o limite, é força total adiante, sentido único para o futuro. O queixo erguido ao norte parece impulsionar o crescimento de nossos corpos.

Diante do novo, contemplamos a cada instante, pequenas coisas como o tamanho da mão de sua irmã menor ou o velho carrinho largado por seu irmão. Somos minúsculos potenciais em defesa e crítica.

Temos um mundo de possibilidades para alcançar cada vez mais às alturas do corpo, da alma e da razão.

Mas chega um dia que esta elevação cessa e por ai ficamos estagnados no hoje. Os olhos, queixo e nariz voltados para o alto, agora nos submetem a um grau inferior na alma.

Quando voltamos nosso olhar ao sul, somos gratificados com a solidariedade. Não vemos mais, pequenas mãos e sim grandes atrocidades e injustiças cometidas por algum daqueles que abandonaram seus carrinhos por novos valores podres da sociedade cega.

É por isso que hoje sempre me lembro que fui criança e ainda enfrentarei o peso da idade, onde estarei olhando para frente sem abandonar os melhores pontos cardeais da minha vida.

2 comentários:

  1. É por isso que parei nos 5 anos.....

    ResponderExcluir
  2. Quero mais textos, some não que eu fico perdida. Já me acostumei a ler as coisas belas que escreve. Beijinhos cheios de saudades! Love you!

    ResponderExcluir